Amplificadores e alto-falantes Hi-End, valem o que custam?

Não tem milagre, qualidade com preço baixo nunca andam juntos, saiba como avaliar o custo-benefício de um produto com tecnologia Hi-End.

O que é um produto high-end?

O termo high-end é usado para designar produtos que empregam tecnologia de ponta extrema, acima da tecnologia atual padrão e pode ser empregado para qualquer produto, de mobília a celular, de áudio a equipamentos médicos.

Entretanto, assim como o termo Hi-Fi já foi muito usado de forma inapropriada em marketing enganoso, feito por várias marcas que produziam produtos ordinários a preços populares, o termo high-end também é de vez em quando empregado de forma não muito coerente.

Veja também: Como saber se o som automotivo possui qualidade?

Som Automotivo High-End

No mercado de som automotivo, há muitos produtos que esse termo é desmerecido, uma vez que o produto em questão não é lá tudo isso e emprega materiais e tecnologias um tanto (ou muito) fajutas, se apoiando na fama da marca e falta de conhecimento do comprador para alavancar as vendas.

Mas vamos deixar esse assunto de lado hoje e tratar do sério e verdadeiro high-end que realmente emprega tecnologias que ainda irão se padronizar um dia no futuro, mas que hoje são encontradas de forma restrita e onerosa.

Compensa comprar um som automotivo high-end?

Depende do caso.

Já me questionaram:

“Se esse amplificador é um 4 x 100W e custa R$250,00, por que o outro importado mas também 4 x 100W custa dez ou em alguns casos vinte vezes mais caro? Será que a diferença é tão gritante assim?”

Bem, podemos dizer que sim e não simultaneamente.

Sim, pois se o amplificador é realmente high-end com instalação e ajustes feitos de forma bem criteriosa e você tem ouvidos bem “educados”, a superioridade do mais caro será entregue no resultado final.

E não, pois essa diferença raramente é proporcional à diferença de custo, assim como em celulares, carros e vários outros produtos, a partir de um determinado nível de qualidade, para conseguir uma melhora mínima ou muito pequena o custo sobe desproporcionalmente.

No nível mais extremo, “um pelinho” de melhora, na prática, vai lhe custar vários cifrões a mais.

Claro que o referencial de ruim/regular/bom/muito bom/ótimo/excelente é individual, peculiar a cada um.

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O que para uns é “pouca coisa”, para outros é “muita coisa”.

No geral, podemos dizer que alguns produtos high-end de áudio não deveriam custar tão caro pois muito da gorda margem de lucro é justificada pelo fato da marca em questão ser vendida como grife, para ostentação mesmo.

Obviamente, por outro lado, a escala de produção é bem menor e o trabalho de desenvolvimento é muito maior; isso precisa ser considerado também.

Agrega-se ainda a isso o “custo Brasil” de importação, dólar alto, custos aduaneiros, impostos implacáveis, giro menor e valores de “grifes”, chegamos a valores pouco praticáveis para a maioria das pessoas.

Para quem está disposto a pagar para ter o melhor ou é realmente apaixonado por audiofilia e se dá o direito de “simplesmente ser feliz”, não dá para negar que embora o custo seja muito alto, o prazer em ter um áudio inacreditavelmente mais refinado compensa.

Para alguns, compensa muito.

Com a Audiophonic não pretendo lançar produtos ultra high-end, acredito que do ponto de vista estratégico, comercial e pragmático, o lado custo x benefício ainda se impõe de forma geral na hora de optarmos pelos produtos a serem comprados e a realidade do Brasil vai até o high-end e não o ultra high-end.

Enquanto distribuidor Focal e JL Audio, muitos questionavam se o mítico e lendário kit 2 vias Utopia Nº 6 que anos atrás custava na faixa de 10 mil reais ou se um subwoofer 13W7 valiam os 5-6 mil reais (sem instalação), eu dizia “sim e não” e dava a resposta acima. Para alguns vale e para outros, não. Portanto, cabe a cada um ponderar isso e decidir.

Quanto a diferença na performance, na qualidade e refinamento do áudio, também depende do que você vai usar no restante do set de áudio. Se seu kit 2 vias, cabos RCA, player e demais elementos periféricos ajudam ou não. Supondo que tudo seja de qualidade equivalente, a diferença no áudio é notável até para quem tem “ouvido ruim”.

Precisão tonal, dinâmica, ambiência, consistência, linearidade, ataques, timbres, velocidade, neutralidade, projeção, articulação, sonoridade e vários outros critérios são os diferenciais.

Mas poucos conseguem assimilar a diferença entre o high-end e o ultra high-end no ouvido, para justificar um investimento tão discrepante.

Conclusão

Para facilitar a conclusão deste artigo, lanço a pergunta:

Vale a pena pagar 150 reais num uísque 12 anos (ou vinho de safra) ao invés de pagar 20 reais num outro nacional? Ambos vem em garrafas de 1 litro e têm o mesmo teor alcoólico.

Se você bebe com o intuito de se embriagar, não vale a pena.

Se você bebe com o intuito de degustar, harmonizar a bebida com o prato, sentir muito prazer com um toque de elegância, vale a pena.

Entretanto, se você não tem tanta experiência enóloga e dinheiro no bolso, comprar um de 1000 reais já não compensa.

Faça a mesma pergunta sobre carros – vale a pena comprar uma BMW de 300 mil ao invés de um 1.0 de 30 mil?

Se você usa o carro apenas com o intuito de se locomover, não vale.

Se você aprecia conforto, design, sofisticação, tecnologia embarcada, status, desempenho e estilo, vale cada centavo.

O mesmo para comida – vale a pena gastar 300 reais num jantar para dois em um restaurante de alta gastronomia ao invés de comprar pão e ovo com 5 reais?

Bem, se você só quer proteína e carboidratos, não vale a pena.

Se você aprecia “o resto”, vale a pena.

Por: Reinaldo Miyazaki

Ex diretor técnico Focal e JL Audio no Brasil e atual diretor da Audiophonic.