19 dicas de Como regular o som do seu carro usando apenas o ouvido

A arte de acertar o som automotivo somente ouvindo é polêmico e, ao mesmo tempo, desafiador e gostoso.

Verdadeiros audiófilos dirão que só pode fazer isso quem tiver dezenas, centenas, milhares de horas de exposição auditiva a concertos ou apresentações musicais ao vivo, sem equipamento algum de áudio.

Ou seja, já tem os ouvidos educados e com a referência correta – o executado ao vivo e, ouvidos acostumados à assinatura sônica de todos os instrumentos profissionais nobres.

Outros vão dizer que é muito subjetivo e o acerto vai acabar ficando muito ao gosto pessoal dele.

A verdade em si, é que existe o áudio “redondo” e perfeito segundo os audiófilos e, também existe o áudio que nos agrada.

Sim, é subjetivo, mas aprendendo sobre alguns critérios utilizados por profissionais gabaritados, podemos conseguir atingir um nível ainda maior de qualidade no áudio somente ajustando com critérios.

Afinal de contas, o som é nosso e todos sempre tentam “fuçar” nele para descobrir como render mais, seja na qualidade, no equilíbrio ou no SPL.

O importante é que seu sistema de áudio seja totalmente composto por produtos realmente desenvolvidos para áudio de alta qualidade – todos.

Se apenas um dos elementos do projeto (reprodutor, amplificador, alto-falante, subwoofer, RCA, etc) for de qualidade muito inferior aos demais, todo o seu som se nivelará por este elemento de menor qualidade.

Ou seja, de nada adianta usar um super reprodutor (player) caríssimo se os alto-falantes ou amplificador não são também voltados a qualidade pura.

Cuidado com marcas que declaram que o produto é para áudio de qualidade, mas acaba sempre dando mais foco em potência, além de declarar números enormes com preços populares…

Milagres não existem, e no áudio, existe quase uma regra é que é conhecida como cobertor curto:

Qualidade, potência e preço baixo, é impossível ter os três juntos.

Marcas que realmente conferem qualidade, embora entreguem alta potência, não usam deste apelo de venda.

Quando se fala de qualidade, a potência está inclusa e é apenas um dos vários adjetivos que compreendem a proposta.

Quando se fala em potência, nem sempre (ou quase nunca) a qualidade está agregada.

É como o exemplo de um Veloster ou Sandero GT que são vendidos no apelo “esportividade” e uma BMW 740 (banheirona) que é vendido com o apelo de sofisticação, refinamento, qualidade, mas conta com um motor de mais de 400 CV sob o capô.

Observações importantes

Obs 1) Em termos de som de qualidade, sugerimos o uso de caixa selada ou, menos recomendado, mas ainda uma boa opção, dutada com resposta de frequência linear.

Quanto mais linear, melhor. E quanto mais sólida, robusta e pesada for a caixa, melhor também.

Obs 2) Amplificadores/reprodutores populares e alto-falantes com capacidade de reprodução efetivamente de maior ou alta-definição não combinam.

Ninguém quer ouvir “sujeira” no áudio em alta definição.

Obs 3) Se seu amplificador mono possui “subsonic filter”, ajuste-o em 35Hz como medida padrão.

Abaixo disso, somente se o fabricante do seu subwoofer lhe disser que é possível (varia conforme a caixa).

Regulando o Sistema de Som Automotivo pelo ouvido!

Dica 1: Faça de manhã.

Discipline-se a ouvir e ajustar sempre de manhã, seus ouvidos estarão abertos e sem saturação.

À noite seus ouvidos tendem a estar mais “cansados”.

Dica 2: Fique calmo.

Por incrível que pareça, seu humor pode influenciar no seu julgamento do áudio. Por isso, tome cuidado antes de sair refazendo os ajustes se notou que está num dia de fúria.

Dica 3: Elimine/diminua os ruídos externos.

Feche bem os vidros e as portas.

Dica 4: Tire toda a regulagem do player.

Ajuste seu player em FLAT e desligue o efeito “LOUD”.

Vaje também:

Dica 5: O formato de áudio é importante.

Use uma mídia de altíssima qualidade, evite MP3 ao máximo. Uma boa opção é utilizar uma mídia .flac.

Dica 6: Deixe o volume médio.

É intuitivo deixar o volume no médio, mas se quiser pode baixar um decibelímetro no celular e ajuste o volume em torno de 85dB.

Veja também: Tabela de Decibéis Maiores e menores valores possíveis

Dica 7: Escolha uma música com muitas frequências.

Coloque uma música que tenha grave, médio e agudo e, que de preferência, tenha mais de 5 instrumentos musicais.

Rock e até mesmo algumas músicas sertanejas são bem-vindas.

Veja também:

Dica 8: Feche os olhos e analise o agudo.

Feche os olhos e analise se o agudo não está “dançando” na sua frente em relação às frequências médias.

Caso esteja, um dos tweeters está fora de fase.

Esta não é uma tarefa muito simples e não há receita para alcançar um nível de acerto preciso.

É ir tentando e aprendendo.

Outra coisa que deve ficar atento é no balanceamento dos agudos, ondas extremamente direcionais, onde na grande maioria das vezes, os agudos da esquerda e direita se encontram na metade do carro, e o motorista perde um pouco de qualidade de não haver um direcionamento correto (verá mais adiante no post).

Se não tem como ajustar o tweeter, ajuste o balanceamento, deixando ele mais à esquerda.

Veja também: O que é e para que serve um super tweeter?

Dica 9: Foque no grave.

Foque agora no grave (do subwoofer).

Ele deve estar soando na frente e não vindo de trás para a frente.

Caso isso ocorra, inverta a fase do subwoofer.

Muitos players e amplificadores têm a inversão de fase 180º.

Caso os seus não tenham, inverta no próprio borne do subwoofer.

Se continuar vindo de trás para a frente, refaça a caixa sintonizando em um FB um pouco maior.

Se não quer gastar com a caixa de som, uma dica de competidores SPL é: mude o posicionamento da caixa no carro.

Veja também: 5 dicas para aumentar o grave do som automotivo.

Dica 10: Analise o médio.

Ainda em volume médio, verifique se o equilíbrio espectral corresponde.

Se estiver, baixe o volume e verifique se grave, médio e agudo se respeitam e nenhum se sobressai sobre o outro. Depois faça o mesmo em volume alto (não muito alto).

Vá ajustando a intensidade de cada espectro de frequência no próprio player, na parte de equalização.

Dica 11: Compense o ruído externo do carro ao andar.

Sem o uso de uma RTA, o julgamento da curva de resposta de frequência do seu áudio é um pouco subjetivo, entretanto faça um ajuste com aproximadamente 1dB a mais no grave em relação ao médio e outro 1 dB a mais de médio em relação ao agudo.

Ou seja, 2dB a mais de grave em relação ao agudo e 1 dB a mais de médio em relação ao agudo.

Este ajuste visa compensar o ruído gerado pela banda do pneu no asfalto, conforme o carro roda.

Dica 12: Olho na segurança

Para sua segurança, ajuste ganho e bass boost do seu amplificador no mínimo.

Então ajuste todo o volume do player no máximo e por fim, vá abrindo ganho e bass boost no amplificador respeitando o limite dos seus alto-falantes.

Isto tem dois objetivos:

  • Reduzir o ruído de estática que muitas vezes sai nos tweeters;
  • Proteger seu sistema de som caso na sua ausência algum curioso (vallet, estacionamento, lava rápido, amigo xereta, etc) decida ajustar o seu som segundo a cartilha dele.

Ou seja, por mais que seu player atinja o volume máximo, a potência liberada pelo amplificador não será a suficiente para queimar os alto-falantes.

Veja também: O que é e para que serve um amplificador?

Dica 13: Compensando músicas de menor qualidade de gravação

O controle de ganho externo (bass boost) varia normalmente de 12 a 18dB e sua proposta é compensar a falta de grave nas músicas que algumas mídias de baixa qualidade (MP3) têm.

Assim como a função LOUD do player.

Quando a gravação é ruim, usamos destes recursos momentaneamente para suprir a falta de sub-grave, grave e médio grave, os espectros mais afetados em mídias de baixa definição.

Portanto, em som de qualidade, use-os apenas nos casos citados.

Dica 14: Analise microdinâmica

Até música eletrônica apresenta inúmeros detalhamentos que não são ouvidos de forma clara em sistemas de áudio PA (trio elétrico, woofer, corneta, etc).

Em músicas mais elaboradas você notará a respiração do cantor de forma mais clara, por exemplo. Ou a corda do violão batendo ao ser “estalada”.

Dependendo da música, ouve-se até a saliva se mexendo dentro da boca do cantor ou cantora. A macro dinâmica deve ser intensa, com pegada e plena.

Se sentir a música “morna”, verifique se a bateria está alimentando o seu amplificador conforme o consumo.

Também verifique se a caixa selada não está vazando ar.

Se for caixa dutada, verifique se a sintonia não ficou com pico demais em alguma faixa de frequência.

Veja também: Qual é melhor? Caixa dutada ou Selada?

Dica 15: Cortes LPF e HPF.

Consumidores entusiastas quando começam a entender o A do ABC do som acham que os cortes devem ser o mais baixo possível.

Em tese faz sentido, pois conseguiremos mais equilíbrio espectral dentro do carro e uma dispersão mais agradável de todas as frequências.

Entretanto, isto nem sempre funciona em termos práticos.

Cada carro tem uma acústica, cantos que geram onda estacionária, portas com maior ou menor volume interno (a porta é a caixa acústica do médio), etc.

Daí o porquê de nem sempre isso funcionar.

Sugerimos, portanto, tentar ajustar LPF e HPF gradualmente.

Por experiência sabemos que o corte padrão 100Hz tende a ser o mais acertado e o mais seguro contra queimas.

Quanto mais baixo forem os cortes, maior a possibilidade de queima dos alto-falantes e menor a dinâmica musical.

Veja também: O que é corte HPF e LPF?

Dica 16: Posição dos Tweeters

Se seus tweeters estiverem posicionados na coluna (conhecido como peitinho) e for fácil angulá-los, use as dicas de direcionamento abaixo:

On-Axis – No eixo do ouvido. Os tweeters são direcionados aos ouvidos.
Off-Axis – Fora do eixo do ouvido. Os tweeters cruzam em algum ponto do interior do veículo, ou, são posicionados cara-a-cara um para o outro.

Opção 1 – Direcionamento on-axis para o motorista:

É a opção que mais confere qualidade ao motorista e, provavelmente, o dono do carro e do sistema de áudio.

O tweeter do lado esquerdo é direcionado ao seu ouvido esquerdo e o tweeter do lado direito é direcionado ao seu ouvido direito, sem cruzar.

Não se considere egoísta se optar por este posicionamento, quem investiu no som foi você e quem vai usá-lo por mais tempo é você também.

Opção 2 – Direcionamento on-axis para motorista e passageiro dianteiro:

Confere qualidade tanto para o motorista quanto para o passageiro.

Obviamente há uma leve perda no detalhamento musical para o motorista.

O tweeter direito é direcionado ao ouvido direito do motorista e o tweeter esquerdo é direcionado ao ouvido esquerdo do passageiro, cruzando.

Opção 3 – Direcionamento off-axis frontal de tweeters:

Os tweeters são instalados como no local original de um VW Fox, um de frente para o outro. Fica bom para os passageiros da frente mas não excelente.

Opção 4 – Direcionamento off-axis para o centro do habitáculo:

Opção para agradar a todos os ocupantes do carro caso não haja coaxial ou kit 2 vias atrás.

Os tweeters no peitinho são instalados no peitinho como nas três opções anteriores, porém direcionados para cruzarem (em uma linha reta imaginária) no centro do banco traseiro.

Opção 5 – Sem direcionamento e sem peitinho:

Os tweeters são simplesmente fixados nas extremidades do painel, virados para cima e levemente inclinados para o interior do veículo.

É uma opção econômica, rápida e eficaz também. O som fica bom para todos, mas não excelente.

Veja também:

Dica 17: Ajuste fino dos tweeters

Se os tweeters estiverem instalados sobre o painel ao fundo, praticamente encostando no pára-brisa, eles podem em alguns casos soar agressivos demais, pois o próprio pára-brisa gera o efeito “corneta” devido a sua angulação.

Se isso ocorrer, inverta a fase dos dois tweeters.

Dica 18: Ajuste do fator Q no player

Geralmente um fator Q mais aberto tende a soar melhor, porém isso depende muito do carro e do posicionamento do alto-falante dentro do veículo.

A melhor forma de ajustar é no ouvido mesmo.

Dica 19: Use o som e depois faça mais ajustes

Por fim, saiba que alto-falantes levam de 50 a 200hs para amaciar.

Alto-falantes de boa qualidade com foco sério em qualidade não perdem suas propriedades físicas com o passar do tempo como alto-falantes populares, ou seja, preservam a qualidade do áudio por muito mais tempo por empregarem materiais mais nobres e duradouros.

Os demais elementos a serem analisados e corrigidos são bastante complexos e também dependem de um set 100% high-end.

Post com conteúdo da Audiophonic.